Bagunçado e deixando o público enojado desde os primeiros segundos, Liga da Justiça exagera na falta de coerência e coesão
Depois de todo mundo já ter ido ver este filme, começo este texto sem a menor ideia de como vou terminá-lo, assim como Joss Whedon quando assumiu a direção de Liga
da Justiça após o afastamento de Zack Snyder por uma tragédia familiar. Snyder, que dirigiu os insossos Man of Steel e o criticado Batman vs Superman: A Origem da Justiça, já tinha gravado praticamente o filme inteiro, boa parte dele já estava em pós-produção e muitas cenas estavam sendo divulgadas em trailers até o meio deste ano. Porém,o Whedon chegou para fazer o trabalho sujo pela Warner: reescrever o roteiro, editar o material de Snyder, deixar o longa mais leve, bem-humorado e com menos de duas horas de duração. Ele atendeu a todas as exigências do estúdio e prestou um desserviço maior do que Snyder poderia prestar e, olha que, o diretor tem nos decepcionado nos últimos anos tanto quanto os políticos brasileiros.
Pois bem, fui ao cinema com a expectativa de sair da sessão com uma pontinha de esperança maior do que em Batman vs Superman, que me deixou extremamente indignado e fracassei mais uma vez. Desde BvS, eu não ficava puto da vida vendo algo no cinema, inclusive, tinha um cidadão ao meu lado que tinha todas as falas do filme em inglês decoradas e as falava antes dos personagens. Eu queria destruir aquela pessoa. Nunca detestei tanto duas horas desde que fiz endoscopia. Mas vamos voltar ao filme, principalmente, aos personagens, roteiro e direção.

Precisamos ressaltar as piadas sem nenhum timing do Batman. A atuação de Ben Affleck demonstra o desgosto do ator com esse roteiro preguiçoso que a DC tem entregue pra ele, Affleck atua como quem trabalha cumprindo aviso prévio.
Ezra Miller está isento de culpa por ser um Flash bocó e bunda mole, fez o trabalho dele bem feito dentro dos defeitos do roteiro, embora, muito caricato por falta de direção, parece uma versão do Porchat para o herói.
Interpretado por Jason Momoa, o Aquaman megahétero é uma boa solução para trazer mais identificação do público, devido ao papel do ator em Game of Thrones, mas é apenas um personagem fortão que gosta de beber e, provavelmente, votaria no Bolsonaro se Atlântida fosse na Praia Grande.
O Ciborgue foi o mais prejudicado nessa troca de direção, com muito mais destaque na versão de Zack Snyder, o meta-humano teria uma introdução digna, como aparece nos trailers de março, porém, sua participação sofreu mais cortes que os direitos do trabalhador.
A participação de Gal Gadot convence não pela beleza da atriz, mas pelo grande carisma e convicção da israelense ao construir a personagem desde BvS, inclusive, acredito que ela leva o time de heróis nas costas em todas as cenas em conjunto.
Maaaaaaas precisamos falar de Superman, um dos poucos acertos desse filme, pra não dizer o único, tirando a cena regravada que inicia o filme, que foi porcamente editada em CG para eliminar o bigode de Henry Cavill, deixando qualquer cidadão de bem com asco, o ator finalmente conseguiu trazer força, frescor e, principalmente, dignidade a Kal-El, ainda mais porque não queríamos mais ver um Homem de Aço errante, passivo e emo como Snyder vinha fazendo.
Falando em Superman, é notório que ele retornou ao Universo Cinematográfico DC de maneira preguiçosa, como todo o resto do filme. Através de uma das caixas-maternas, Ciborgue e Flash trouxeram Superman à vida, ignorando totalmente a última cena de Batman vs Superman, quando seu caixão tremeu dando a entender que ele voltaria por conta própria. Aliás, basicamente todas as cenas de BvS que dariam sequência para a história da Liga da Justiça foram sumariamente esquecidas, criando um filme sem unidade, com informações jogadas, sem sentindo e propósito, brincando com a inteligência do espectador.
Este texto está sendo escrito com duas semanas de A Liga das Justiça em cartaz em todos os cinemas do Brasil e Osasco. Mesmo com o esforço da Warner para segurar a parcial do Rotten Tomatoes, site especializado em reunir a média das notas das principais críticas cinematográficas do mundo, o filme teve uma das piores aberturas (bilheteria no final de semana de estreia) de filmes de herói e um dos piores percentuais de críticas, com apenas 41% de aprovação por parte dos especialistas contra 92% de Thor: Ragnarok, da Marvel. Além disso, não param de surgir notícias dizendo que todos que trabalharam na produção da Liga ficaram insatisfeitos com
o resultado da edição final de Whedon, que optou por agradar os engravatados
da Warner.
Ouso dizer que qualquer filme nacional entretém melhor que A Liga da Justiça, apesar dos roteiros previsíveis, eles são lineares e arrancam boas risadas do sofrido povo brasileiro, ao contrário do filme de heróis da DC. Ou seja, Paulo Gustavo é o nosso Superman… Ou Mulher-Maravilha, o Brasil ainda não decidiu, mas acredito que Larissa Manoela não perca essa vaga.
Espero que você não tenha sido ludibriado por esse filme, pois suspeitarei que você está propenso a acreditar na Hinode, biografia de YouTubers e no Inri Cristo. Aproveito o ensejo para dizer que o filme Os Parças reúne, de verdade, um grupo de heróis que gostamos de ver. Protagonizado pelo consagrado Tom Cavalcante, a produção traz o ex-pobre e agora rico Whindersson Nunes, Tirullipa (o eterno filho do Tiririca) e o jovem Bruno de Luca, conhecido pela alcunha de Lukita da Galera e por ter um dos melhores empregos do mundo, em uma aventura que eu não faço a menor ideia de como seja, mas deixarei a sinopse oficial aqui embaixo:
“Quatro amigos, depois de serem obrigados a participar de um golpe, resolvem abrir uma agência de casamentos na Rua 25 de Março.”
Fazendo a pesquisa da sinopse, descubro que o filme ainda conta com participações de Danilo Gentili, Beiçola e Neymar. Aí eu te pergunto: TEM COMO ESTE FILME DAR ERRADO? Creio que não!
Enfim, A Liga da Justiça tinha tudo para ser aceitável, mas infelizmente, a Warner não aprendeu com os erros do passado e fizeram com que a crítica internacional e eu pegássemos ranço definitivo da DC. Enquanto isso, Os Parças é A Liga da Justiça que o Brasil merece, porque o filme do Batman e seus amigos é como as adolescentes dizem: um embuste.
E MAIS:
Aproveite para conferir nossa crítica altamente imparcial sobre A Liga da Justiça.