X-Men: Apocalipse é o terceiro filme da série que funciona como um reboot para a trilogia anterior. A história mostra nada menos que um dos mais poderosos vilões dos mutantes, o Apocalipse.
Antes que eu me esqueça, a crítica abaixo está cheia de spoiler, então pare por aqui se ainda não viu o filme.
Após a revelação dos mutantes para o mundo em 1973, ocorrida na trama de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, seguimos o salto temporal padrão que nos coloca agora na década de 80.
Ano de exageros, new wave, cores, mullets, ray-bans e caos, por que não? Em meio às ameaças causadas pelos acontecimentos anteriores, estamos em um mundo movido pelo medo e preconceito do desconhecido potencial dos mutantes. Um falso momento de paz, com a população de mutantes crescendo, e com políticos e militares se preparando para um iminente conflito. E se já não bastasse tal crise, em missão investigativa no Egito a já conhecida agente da CIA, Moira McTaggert (Rose Byme), acaba por descobrir o despertar de uma ameaça ainda maior, sentida como um tremor em todos os cantos do mundo.
Vale ressaltar aqui que nesse momento tivemos um detalhe bem ridícula confuso, pois a pirâmide onde En Sabah Nur repousava era acessada por uma entrada secreta, coberta por um tapete. Moira entra, deixa a passagem aberta, e encontra alguns fiéis orando em uma espécia de cripta. Quando o Sol começa a bater e entrar pela passagem, os raios de Sol despertam o mecanismo que protegia o Apocalipse. Sério mesmo diretor? 😐
A direção tem Bryan Singer de volta, mas desta vez com um trabalho um pouco mais desorganizado que o anterior, e bem inferior ao ótimo X-Men: Primeira Classe, produzido pelo diretor Matthew Vaughn.
Singer traz para a tela o ótimo trio formado por Scott Summers/Ciclope (Tye Sheridan), Jean Grey (Sophie Turner) e Kurt Wagner/Noturno (Kodi Smit-McPee). Os jovens são apresentados ao público em uma narrativa interessante e divertidíssima, que mostra a evolução e desenvolvimento dos novos mutantes, alunos da escolha para super-dotados do professor Charles Xavier (James McAvoy).
Personagens secundários complementam de forma positiva, com um Mercúrio (Evan Peters) novamente deslumbrante, mesmo que desta vez sem nenhuma inovação. Diferente da falha ao não trazer praticamente nada da Jubileu (Lana Condor), Tempestade (Alexandra Shipp) e Psyloke (Olivia Munn). O que também acontece com o Fera (Nicholas Hoult), esse já apresentado e conhecido do público, mas que nos mostra mais do mesmo e sobra até nas cenas de ação.
O roteiro, assinado por Singer e Simon Kimberg, não é dos melhores e acaba sendo um dos principais problemas do longa-metragem.
Se por um lado tivemos um ótimo início, o diretor parece ter se perdido um pouco no desenvolvimento final da trama, com um arco dramático um tanto quanto mediano e simples.
O elenco de modo geral é muito bom e com excelentes atuações, com destaque para a Sansa <3 Sophie Turner, Michael Fassbender, Evan Peters, Jame McAvoy e Jennifer Lawrence.
Claramente temos aqui uma quantidade excessiva de personagens, o que afetou e muito o desenrolar da trama, ao tirar tempo de tela de bons personagens, e dar muito tempo para outros. Com uma repetição de situações e dilemas já batidos e cansativos, como na indecisão moral da Mística (Jennifer Lawrence) e do Magneto (Michael Fassbender) em tomar partido e entender seu lado na guerra. Isso ainda sem considerar que destoam muito de seus personagens originais.
Outro provável problema nessa desorganização é a irritante insistência da Fox em manter a Mística como protagonista , ainda com aquele péssimo CGI que deixa qualquer cosplay com vergonha, e também ao se apegar na figura heroica do vilão Magneto, que acaba por ofuscar um vilão fraco, que começa o filme em um desenvolvimento imponente, religioso e persuasivo, para acabar como um ser genérico, solitário e sem motivações que não passem daquele velho clichê da busca por poder.
O Apocalipse, mesmo com todo o esforço e talento do Oscar Isaac, entra para a lista de um dos piores vilões dos últimos filmes de heróis.
Mesmo que tenha sido totalmente desnecessário para a história, abro espaço para uma menção honrosa ao já malhado Wolverine de Hugh Jackman. Em apenas 3 minutos de tela Singer conseguiu nos entregar fan service, violência, selvageria e o que parece ser uma luz e esperança para que pelo menos o último filme de Jackman como Logan, seja algo memorável e digno do personagem que é.
O figurino do filme é de extremo bom gosto, se aproveita dos exageros dos anos 80, e cumpre na sequência final um dos grandes momentos de entusiasmo não apenas para os fãs de quadrinhos, mas principalmente da famosa série animada dos anos 90.
Divertido e violento na medida certa, o filme é contido e erra em não inovar. Apoiasse de forma exagerada nos efeitos visuais, deixando o espectador quase que em transe epiléptico com tantas cenas psicodélicas.
Entretanto, X-Men: Apocalipse é de modo geral um bom filme, que emociona, entretém e abre boas possibilidades para um próximo longa-metragem dos mutantes, principalmente pelo que vimos e esperamos que seja a nova e oficial equipe dos X-Men no cinema, liderada por Jean e Ciclope.
Nota: (bom)